Jennifer Abril, Presidente da IFRA América do Norte,por: Elena Vosnaki
foto (e todas as fotos abaixo) de "Symphony of Senses" Washington, D.C.
Poucas organizações têm tido tanta opocição feroz do mundo underground online do que a IFRA, a Associação Internacional de Fragrâncias, um organismo auto-regulador da indústria de fragrâncias que decide sobre a segurança dos cosméticos e das fragrâncias aplicadas aos consumidores. Apesar de tudo indicar que está em formação um bando de pessoas prontas a realizar um linchamento, fiquei convencida que por detrás de tanta polêmica e indignação por críticos que proclamam o final de uma era, haveria perfumófilos mais razoáveis e imparciais ansiosos por ouvir o outro lado com mais detalhe. Portanto, persegui o objetivo de entrevistar Jennifer Abril, a Presidenta da IFRA North America, e colocar exatamente as questões que estão na ponta da língua de todos os amantes dos perfumes.
Suas respostas, como pode ver, fazem sentido pois fazem luz sobre uma interessante discussão que apenas será benéfica para a indústria como um todo. Por isso, deixo aqui os meus sinceros agradecimentos à senhora Abril por me ter dado esta oportunidade única e à IFRA América do Norte por ouvir uma aficionada em apuros.
Elena Vosnaki: Nos anos recentes temos assistido a um racionamento severo na paleta dos perfumistas no que diz respeito a potenciais ingredientes alergénicos. Apesar de muitos lamentarem estas restrições, acredito que haja uma razão válida por detrás disto que assegure um produto 100% seguro. Poderia nos iluminar acerca da conceção dos relatórios anuais? E será que eles têm maioritariamente a ver com assegurar que não existem casos de litígio, ou existem questões de estabilidade de matérias-primas, eficácia de custos de produção, ou outras coisas?
Elena Vosnaki: Nos anos recentes temos assistido a um racionamento severo na paleta dos perfumistas no que diz respeito a potenciais ingredientes alergénicos. Apesar de muitos lamentarem estas restrições, acredito que haja uma razão válida por detrás disto que assegure um produto 100% seguro. Poderia nos iluminar acerca da conceção dos relatórios anuais? E será que eles têm maioritariamente a ver com assegurar que não existem casos de litígio, ou existem questões de estabilidade de matérias-primas, eficácia de custos de produção, ou outras coisas?
Jennifer Abril: A transparência da lista e paleta de fragrâncias da IFRA tem sido relativamente estável durante os anos recentes. Se a paleta de fragrâncias mudar no futuro, isso se deverá a uma variedade de fatores incluindo fornecimento de matérias, tendências, tecnologia emergente, e os avanços da ciência.
A indústria de fragrâncias sempre teve uma abordagem responsável e proativa quanto à segurança das matérias-primas, continuadamente analisando e revendo as mesmas pelos seus efeitos na saúde dos consumidores e no ambiente. Esta abordagem auto-.reguladora cresceu muito construindo confiança na segurança das nossas composições de fragrâncias e demonstrando nosso claro senso de responsabilidade. Assegurar a segurança dos consumidores tem sido sempre uma prioridade e a indústria de fragrâncias continua investindo na ciência e nos programas de avaliação da segurança.
Elena Vosnaki: Muitos perfumistas têm manifestado sua apreensão em relação às restrições da perfumaria, nas quais muitos ingredientes preciosos, como o jasmim por exemplo, têm sido tão severamente restringidos que continuar a criar os clássicos de ontem é quase impossível e a completa reformulação é inevitável. (Por exemplo, fragrâncias como Diorissimo que dependiam do uso de hydroxycitronellal para a nota de lírio-do-vale e no absoluto de jasmim são hoje uma sombra daquilo que eram; bonitas mas não são as mesmas). Por isso, devemos todos dizer adeus aos clássicos? O que nos reserva o futuro?
Jennifer Abril: Nossa indústria enfrenta os desafios de conseguir tanto produtos novos como clássicos num horizonte que muda todos os dias—mudando as preferências dos clientes, considerações do custo da cadeia de fornecedores e restrições de regulamentos. Apesar de algumas fragrâncias clássicas poderem sofrer pequenas alterações em resultado disso, outras notas se tornarão importantes. Alguns argumentam que as fragrâncias atuais são mais criativas em resultado destes contrangimentos, enquantos outros defendem que os perfumes do passado eram melhores. A questão importante é que a indústria de fragrâncias é um poder de inovação que continua crescendo e se adaptando às transformações. As fragrâncias continuam sendo uma parte importante do nosso quotidiano e definem cada era tanto como a moda, ou a música, ou o cinema film e marcam nossa história partilhada como a arquitetura, o desporto e a política.
Elena Vosnaki: Em minha posição como escritora de perfume e consultora de fragrâncias para clientes, muitas vezes surgem pessoas que se queixam de que sofrem de "alergias induzidas por perfumes." Na maior parte das vezes é óbvio que elas sentem uma sobrecarga sensorial, mais do que uma alergia, ou seja, uma resposta do sistema imunitário. Vomo diferenciam entre as duas, se é que diferenciam, quando estabelecem os standards da IFRA?
Jennifer Abril: Os standards da IFRA se baseiam na ciência. No nosso caso, é a indução de uma resposta imunológica a uma substância (via exposição dérmica) que estudamos. De fato, nossa indústria está envolvida num programa único na UE para juntar a indústria, os oficiais do governo e os peritos científicos para examinarem os métodos atuais e confirmá-los, ou recomendar áreas de melhoramento. É do melhor interesse do consumidor—e portanto do nosso interesse—que nos desafiemos para assegurar que os métodos científicos que usamos providenciam o nível de segurança exigido pelo consumidor.
Elena Vosnaki: A perfumaria tem sido posicionada ultimamente como uma forma de arte negligenciada, ganhando uma especial atenção após a exposição de arte olfativa no Museum of Art and Design de Nova Iorque sob a curadoria de Chandler Burr, mas também sendo criticada por isso. O debate sobre o que é arte continua entre as pessoas nas conversas online. Existe o contra-argumento dizendo que uma vez que a perfumaria tem um elemento de design e um ângulo comercial, ela pode ser vista como um artesanato sofisticado. Existe também o argumento que implica que posicioná-la como arte é predominantemente lisongeador para o ego do comprador, fazendo-o imaginar que tem um papel nas obras de uma civilização superior. Qual é a posição da IFRA nesse assunto?
Jennifer Abril: A IFRA North America apoia a promoção da arte da perfumaria em todas as formas e formatos, através da ligação direta com os consumidores, clientes, entusiastas das fragrâncias, reguladores e público em geral. O nosso ofício de perfumistas é uma mistura única de arte e ciência e a missão da IFRA North America é educar as partes interessadas.
Elena Vosnaki: No vosso evento, "Symphony of Senses", o perfume faz par com a forma de arte que talvez lhe seja mais próxima, a música, pois o perfume se expande no tempo e utiliza a mesma dimensão para fazer passar sua mensagem. É também tradicionalmente descrito em termos musicais, tais como "acorde," "notas," "sinfonia," etc. Como foram agrupados os perfumes e as peças musicais? Quais foram os critérios e quem foi responsável pela seleção?
Jennifer Abril: Pelo segundo ano consecutivo, a IFRA North America organizou um evento de perfumaria em Washington, D.C. concebido para mostrar nossa arte aos responsáveis pelas decisões. Este ano, o pessoal da IFRA e os seus membros trabalharam juntos para desenvolver o tema e o conceito para o evento "Symphony of the Senses". Os três perfumistas escolheram um gênero musical que os inspirou e depois traduziram suas inspirações em três perfumes únicos e muito especiais concebidos para esta ocasião. Agradecemos a participação de Calice,Chris e Heather, pois todos eles subiram ao palco como anfitriões de nosso evento no Capitol Hill. As companhias membros da IFRA North America —Givaudan, drome Arylessence—produziram amostras destas criações especiais, permitindo-nos oferecer presentes a nossos convidados e partilhá-las com nossos amigos e famílias.
A perfumista Calice Becker criou o perfume que representava a música clássica, obtendo inspiração da ópera Italiana. O perfumista Christopher Diienno usou Depeche Mode, New Order e The Cure como inspiração para criar um perfume que representa a música alternativa dos anos 1980. A perfumista Heather Sims criou um perfume que corresponde ao album recente de Justin Timberlake Suit & Tie.
Partilhar emoções, ambientes e reflexões sobre a vida com nossos seres amados e outros é a essência da perfumaria e sentimos que nosso recente evento em Washington, D.C. nos deu uma oportunidade de apresentar a indústria de fragrâncias e nossos perfumistas aos políticos e outros de forma especial e única.
Elena Vosnaki: Sente que o crescimento exponencial do setor nicho na perfumaria assim e do circuito de perfumes de celebridades (comparado com o setor de designers) está refletindo uma mudança latente nos desejos dos compradores? Ou é apenas uma mudança de formnecedores que dirige a procura?
Elena Vosnaki: Sente que o crescimento exponencial do setor nicho na perfumaria assim e do circuito de perfumes de celebridades (comparado com o setor de designers) está refletindo uma mudança latente nos desejos dos compradores? Ou é apenas uma mudança de formnecedores que dirige a procura?
Jennifer Abril: O crescimento em todos os setores de nossa indústria é um reflexo da popularidade dos produtos que a indústria de fragrâncias oferece e os benefícios que estes produtos trazem a nossas vidas diárias.
Obrigado por ser uam campeã na nossa área, obrigado pela cobertura de nosso evento em Washington D.C., e obrigado por permitir que nossa associação industrial, e eu, pessoalmente, esteja em contato direto com seus leitores.
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