segunda-feira, 16 de junho de 2014

Perfume: Maior do que a Vida

Eu oiço tantos comentários sobre perfumes todos os dias, sobre um perfume ser demasiado intenso, demasiado forte, desconfortável: será o perfume como uma peça de roupa? Será que nos habituamos a ele, nos fartamos dele, nos cansamos? Ele é irritante, suave, cômodo… ou apertado?
Que sentimento nos possui quando decidimos qual vai ser o nosso aroma do dia? Será que vemos o ato de nos perfumarmos como um talismã, um ato de provocação, consolo, auto-expressão—ou será que apenas o entendemos como um dogma do ritual da higiene diária?
 
Eu não faço concessões nas minhas escolhas. Me guia uma grande parcela de consideração/instinto/desejo. Como toda a gente, há dias em que tomo péssimas decisões—normalmente quando me esforço demasiado por "acertar", ou por agradar a alguém. Eu nunca me engano quando sigo minha vontade própria.
 
Estranhamente, nunca me senti esmagada por um perfume no sentido de conseguir ou não “acertar”. Tem sido sempre uma questão de querer ou não usar. Sinto que a fragrância se relaciona com a sexualidade e o oceano: é vasta e aterradora, ou imensamente emocionante? Somos parte dela, ou temos medo dela?
 
A forma como temos perceção de nós próprios, nosso mundo e o papel que desempenhamos nele refletem a maneira como nos perfumamos. O perfume pode muito bem representar o poder pessoal: “Uma mulher que não usa perfume não tem futuro”, disse Coco Chanel. Isso se aplica também aos homens.
 
 

Para muitos de nós o perfume é o Preenchimento de Desejos: nós nos perfumamos da forma como nos vemos a nós próprios. A fragrância pode ser usada como um Espelho Mágico, refletindo-nos como A Mais Bela de Todas. Podemos ter uma perceção de nós próprios como eternamente jovens, delicatos, coquetes, soberbos, suaves, impossivelmente polidos e elegantes—simplesmente com uma vaporização aqui e um toque ali.
 
 

Fragrância como Armadura Aromática: quando nos deparamos com obstáculos, quando prevemos um dia árduo, podemos nos armar com ummanto invisível embebido com um poder tremendo de um talismã. Nós nos perfumamos para afastar o perigo, para fortalecer nossas decisões, para sermos vistos no escuro. Professamos a imagem impecável, impenetrável de quem é senhor de si, potenciada com umas bem colocadas gotas do elixir escolhido.
 
 

Regresso a Uma Doce Pausa: quando o sono teima em não chegar, quando nossa mente não descansa, evocamos os gentis fantasmas do passado com fragrâncias ternas que nos acalmam. Rapidamente nos encontramos embalados de novo nos braços de Orfeu. Que haja paz, finalmente.
 
 

O Canto da Sereia: somos inextricavelmente atraídos pelas encaracoladas gavinhas da memória fragrante. A sedução de algo imenso e irresistível nos arrasta como escravos, seja nova pou antiga—não interessa. Somos presos por ela e perdemos o desejo de fuga.
 
 

Provocação Aromática: por vezes, temos de fazer uma afirmação. Cada um tem suas razões—nos levaram longe demais, há que estabelecer limites, restabelecer a posição Alfa se torna necessário. “Estou aqui para ficar,” diz a fragrância. “Sou uma força que impõe respeito!” Não há como escapar nem como virar costas; os limites foram traçados. A dominância foi declarada.
 
 

Marcação de Território: sim, pode ser tão primitivo quanto isso. Pode haver uma confusão entre a Provocação Aromática e a necessidade de deixar sua marca em pertences, amados, ou no ambiente que habitamos. Nada funciona como isto para os humanos como o perfume—pelo menos, de uma forma socialmente aceitável. pode ser intenso ou apenas perceptível, como quisermos—mas terá de ser inesquecível.
 
 

Cheiro Conciliador: não queremos fazer uma grande confusão, pois não? Queremos que toda a gente seja agradável, calma e civilizada, sempre de bom humor. Há fragrâncias que ajudam a isso; usamos estas muito frequentemente, suspeito eu—na esperança de que elas embalem nossos colegas, nossos familiares, etc., para se comportarem e se sentirem mais cooperativos. E geralmente funciona.
 
 

Comunhão com um Poder Superior: isto engloba não só os perfumes que usamos durante a oração e a meditação, mas também quando desejamos estar em uníssono com o mundo natural. Elas nos ligam ao passado, presente e futuro com uma profundidade abismal.
 
 
Me diga, por favor: qual o papel as fragrâncias desempenham em sua vida?

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