por: Juliett Ptoyan
Era, é agora e será sempre um longo lenço vermelho, caindo dos ombros, que não deixa de atrair as atenções - e atrai mais do que os diamantes, peles, carros e outras marcas de glamour do início dos anos 2000. De fato, é certamente o lenço, o batom vermelho e os stilettos - tudo o considerávamos 'o máximo' há 20 anos, e que continua sendo uma alegria para os olhos atualmente.
Ele apareceu mesmo no tempo certo: o último ano dos perigosos anos 90, o primeiro projeto de perfumaria Gucci sob a direção de Tom Ford, dois anos após o assassinato de Maurizio Gucci - tudo no tempo certo; nunca seria aceite a meio dos anos 80 ou no sensaborão meio dos anos noventa.
A melhor altura para ele foi os anos acelerados 2000 caregados de acetato que nos trouxeram Tumulte, Cinema,Amor Amor, Flower by Kenzo e outros líquidos similares - contrastantes, brilhantes, ferozes, que nos tornam mais interessantes do que aquilo que somos.
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Há 15 anos ele me enganou, aparecendo numa vulgar festa de família emanando do corpo de uma mulher que, para mim, tinha sempre representado o standard da beleza nobre: brilhante, mas moderna e organizada. Pareceu-me a perfeita silagem de seu eu verdadeiro, sua própria natureza; imaginar algo melhor para ela seria impossível e desnecesário; era uma absoluta delícia. Durante todos estes anos ele voltou para mim, como que seduzindo e insinuando-se - eu precisei de tempo para aprender sua linguagem; precisei de crescer para ele - apenas para ter uma oportunidade de avaliá-lo não do ponto de vista de uma criança exaltada que acaba de encontrar o mais precioso perfume de sempre.
Sua embalagem é imediatamente reconhecível, e após 17 anos tornou-se quase neutro aos olhos de uma maníaca da perfumaria como eu; ele é ideal em termos da transmissão do coração em seu conteúdo: Rush é uma cor pura, fogo de artifício; uma explosão de luz. A caixa vermelha de vinil é uma cassete de vídeo para adultos; uma caixa de fósforos com fogo dentro; uma caixa de comprimidos que contém não vitaminas mas excitantes [Rush é também o nome dos populares poppers dos anos 80]. Ford, que estudou arquitetura, disse uma vez que o frasco refletia suas ambições profissionais.
Rush torna-se ainda mais interessante quando conhecemos o seu background: as coleções de moda da Gucci com um minimalismo aggressivo e sexy, o color block e a ênfase na textura; o toque de Tom Ford que, no geral, trouxe a marca de novo à vida; é claro, a cultura pop (Eros Ramazzotti, Ricky Martin com Livin' la Vida Loca; Enrique Iglesias, Britney Spears, as acid raves); finalmente, não podemos esquecer as tendências da perfumaria no final dos anos 90: as flores ricas, a saturação extra, os perfumistas brincando com o frescor.
O Vermelho era um reflexo desta cultura - e, é claro, um dos mais bizarros e fascinantes refleos, devo dizer: é como um caleidoscópio sólido, que se torna ainda mais interessante; cada peça de vidro tem um degradé, sua cor muda. O segredo está em sua profundidade, cor e riqueza, que ninguém (incluindo Michel Almairac)consegue repetir. E sua cor, profundidade e brilho, são as razões principais para sua popularidade irrealnos anos 2000 - as pessoas nunca tinham experienciado uma fórmula tão abrangente que pudesse descrever o astral dos anos noventa e transportá-lo numa nova forma para os anos 00.
Posters da coleção Gucci F/W 1999
Eu sei exatamente o que Rush se tornou para mim como brilhante fenómeno da cultura pop no ano 2000, tal como as canções de Justin Timberlake e Christina Aguilera, os desfiles de Victoria's Secret, "Sexo e a Cidade" - e ele será lembrado da mesma forma.
Nós nos lembramos mais facilmente dos cheiros do que das melodias ou imagens, por isso o Vermelho continuará connosco durante mais tempo.
Você usou Rush? Usa-o agora?
O que é ele para si?
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