por: Roxana Villa
É com enorme przer que eu apresento Roxana Villa - artista, professora e perfumista - como nova colaoradora do Fragrantica. Eu conheci Roxana em 2007 num evento de fragrâncias em Beverly Hills e fiquei impressionado com o conhecimento, criatividade e originalidade que ela deu a suas criações botânicas fragrantes em Illuminated Perfume. Desde então eu me apaixonei por seus perfumes refinados, consistentes e tradicionais, amavelmente feitos com fontes éticas; seu Chaparral, "Uma fragrância com tema de incenso dedicada aos Índios Americanos Nativos California e ao espírito Cowboy," é um dos meus faoritos. Arrancamos sua coluna "Falando Sujo" com uma exploração da terra que produz o aroma. Desfrutem!
- Dr. Marlen Elliot Harrison, Editor Executivo
Goût de Terroir significa Taste of the Earth, é uma frase francesa que se refere ao vinho e aos aromas trazidos pela terra em que a videira cresce. O termo tem sua origem nos anos 1700 e foi usado extensivamente para o marketing mais tarde nos anos 1800. Ainda que especificamente relacionado com o sabor da terra absorvida pelas raízes da videira, é mais uma referência aos aromas do terreno onde está a planta. Por exemplo, se cultivar a mesma planta em duas partes diferentes do mundo o vinho das duas videiras conseguirá diferentes sabores dependendo de haver ou não árvores de fruto ou um rio por perto. Outra forma de ver isto é a forma como os elementos que rodeiam uma planta influenciam no aroma, não apenas a terra mas também o fogo (sol), ar (vento) e água (chuva).
Tive conhecimento do Goût de Terroir, não através do vinho mas através do estudo dos óleos essenciais enquanto estudava aromaterapia. Um óleo essencial de lavende da mesma espécie e variedade cultivada em França terá um diferente perfil aromático do que uma cultivada ao longo da costa Sul da Califórnia. Os 100 ou mais componentes químicos que constituem o óleo mudam de acordo com as condições onde é cultivado, assim impactando o aroma.
Durante anos tenho usado um oud do Cambodja para meus perfumes e acordes que me chagou através de um amigo na indústria no início de minha aventura aromática desde a aromaterapia ao perfume. Esta pequena gema do Cambodja foi eventualmente toda usada e por isso mudei para um agarwood obtido no Laos. Oud e agarwood são nomes que mudam para um óleo que vem de uma espécie de árvores na Ásia conhecidas como Aquilaria. Esta preciosa madeira tem múltiplos nomes; além do oud e agarwood já vi chamarem ud ou aloeswood. A primeira vez que soube desta essência foi num artigo escrito por Jan Kusmirek que apareceu na Aromatherapy Quarterly e meados dos anos 1990.
Uma vez que os aromas das essências de espécies diferentes e tipos de extrações são tão variadas e podem mudar dependendo das condições ambientais (Goût de Terroir), misturar perfumes botânicos para serem consistentes pode ser um desafio. De fato, é uma das razões pelas quais as grandes casas de perfumes se viraram para os sintéticos durante a revolução industrial. Junto com um aroma consistente e estável estes laboratórios criaram moléculas que são substancialmente menos caras e oferecem uma extrema longevidade. O resultado destas qualidades em componentes aromáticos lançou o perfume como uma indústria mundial como a conhecemos hoje.
Um novo desafio que apareceu no horizonte nos últimos anos para aqueles que trabalham com óleos essenciais raros e autênticos é o crescente interesse na aromaterapia, sobretudo como resultado do marketing Multilevel, que criou uma procura por variedades específicas com análises em vez do país de origem.
| Por isso, em vez de procurar uma verdadeira lavanda crescida a alta altitude como a Lavanda angustfolia da França, os componentes químicos dentro da lavanda se tornaram mais interessantes. Por isso o que se torna mais interessante para as grandes companhias e seus consumidores é um óleo essencial de lavanda que pode ser uma mistura de lavandas cultivadas em várias áreas mas com um aroma consistente e análise química. Esta atitude redutora resulta numa homogenização de óleos essenciais.* |
Como humanos, tendemos a procurar consistência e permanência, ambas qualidades dos elementos da terra, a tarefa para nós é incorporar também o fogo, o ar e a água nos nossos valores para que preservemos a variedade na nossa paisagem. Tal como podemos apreciar um copo de riesling de 2007 crescido numa encosta perto do rio Mosel na Alemanha, também sabemos que no ano seguinte o vintage irá variar devido à chuva.
Entretanto, como resposta à globalização, ao corporativismo e à homogenização da arte temos um crescente número de fazedores especializados em tecelagem artesanal, queijos artesanais, cervejas, adegas e perfumes.
A natureza não é consistente e apesar de eu trabalhar em direção à consistência como perfumista, por vezes a mãe natureza tem um plano diferente. Brindemos a nossa aventura aromatica e a todas as voltas que nos mantém em tensão enquanto ainda estamos plantados aqui no planeta Terra.
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