Quem viveu o final da década de noventa sabe que inúmeras questões surgiram e uma certa inquietação se instalou tanto na indústria quanto no comercio. As expectativas sobre as mudanças que viriam no terceiro milênio. Um temor quase que folclórico, de natureza religiosa, se instalou : Cinema e televisão se aproveitaram para colocar mais lenha na fogueira. Em meio as incertezas , o temido bug do milênio e o tão proclamado Baby boom! Surgiram fragrância que, sofreriam do chamado " Mal do fim do século" ( 1997 a 1999) , as quais foram rapidamente descontinuadas.
Essa "bobagem" parece não ter fundamento porém, se estudarmos os três últimos anos do seculo XX e olharmos a quantidade de perfumes que sofreram descontinuação, em comparação a outros que ganharam as prateleiras, parece que , realmente aconteceu algo nesse período.
O E.S.P resolveu lenha na fogueira das superstições e apresenta otimos perfumes produzidos nesse periodo e que saíram de linha rapidamente. Nossa viagem começa por 1997.
NOTA CURIOSA:
DOS MAIS DE 200 PERFUMES QUE COMPÕEM A BASENOTE DE 1997 menos de 40 continuam disponíveis no mercado. Em contrapartida de tomarmos a basenote 1996 com uma produção semelhante mais de 70% das fragrâncias ainda continuam no mercado.
No mínimo intrigante!
1) By de Dolce&Gabbana ( 1997)
Uma proposta extremamente elegante e refinada que não teve tempo de maturar até tornar-se um clássico. By D&G é um pouco mais agressivo que os modernos Cuir de Molinard e Men de O Boticario porém segue uma proposta parecida. A referência indicada no fragrantica Prada Amber Pour Homme Intense de Prada talvez indique o caminho que a fragrância percorria quanto a longevidade e projeção, que não deixa de aproxima-la de Noir de Tom Ford. Mesmo que juntemos todas essas propostas acima citadas, dificilmente chegaríamos ao amadeirado couro adocicado, rico em lavanda e com uma saída aromática picante e um fundo ambarado masculino e inteligente. Uma fragrância que desenvolveu poucos amigos em seu curto espaço de tempo na perfumaria antes da descontinuação porém, vem sendo uma base consistente para as composições masculinas que levam couro, notas aromática e especiarias em seu desenvolvimento.
2) Gucci Envy Eau de Parfum de Gucci (1997)
Uma fragrância floral verde frutada e madeirada, com uma elegância impar e uma das poucas em que o absoluto de jacinto destaca-se e faz-se apresentar. O Jacinto é predominantemente floral verde adocicado, herbáceo-especiado com nuances balsâmicas, e um algo frutal que remete a tangerina verde. Quem conheceu Parfum d`Ete de Kenzo e o Envy de Gucci tem uma ideia da proposta apresentada. O aroma de lírio segue mantendo a fragrancia com ares do campo: Verde, límpido, tranquilizante. A frésia e o Jasmim formam um buquê branco acetinado, que contrasta com toques adocicados frutados. A junção de magnólia e jacinto deixam uma fase floral um tanto quanto intoxicante e segue em um floral amadeirado verde que termina em um atalcado discreto. Uma fragrância divina que veio tentar sanar as nuances frutadas que ganhavam o corpo de
Gucci Envy e o tornavam um tanto quanto enjoativo. Outro que não teve muitos amigos, mas quem conheceu não deixa de trata-lo com saudosismo.
Curiosidade:
Na mitologia grega, Apolo e Jacinto eram amigos. No momento em que eles lançavam discos, Zéfiro, deus dos Ventos, com ciúme dessa amizade, soprou desde o Oeste e conseguiu que o disco acertasse Jacinto na cabeça, machucando-o com o golpe. Apolo, cheio de tristeza, criou os jacintos do sangue derramado, garantindo assim a memória sempre presente de seu amigo. É um perfume da fonte da juventude, que permite considerar-se sempre jovem.
3)AquaFlore de Carolina Herrera (1997)
Uma fragrância fresca,frutada suculenta,leve, verde e feminina. Com um toque primaveril e nuances veranis que a faziam coringa. Ótima fixação e uma projeção muito boa para um floral com nunces que lembram a violeta ( O absoluto de iris florentina é usado, às vezes, para construir notas de violeta em perfumes) e toques atalcados discretos. No coração as notas de melão se destacam entre lírio e violeta que mantém a composição com a mesma proposta durante termina em um amadeirado adocicado almiscarado que deixa resquícios de floral atalcado ambarado. Não é único, as vezes lembra Hugo Woman de Hugo Boss (sem baunilha), mas tinha uma louvável que não foi substituída ainda. Por isso deixou saudades.
4) Bond. James Bond L'Homme de A.B.R. Barlach
Bond. James Bond L'Homme tinha um saída frutada levemente cítrica apimentada com predomínio de Tangerina e pimenta preta. Ganhava uma lavanda deliciosa que remetia ao Heaven de Chopard. Seu corpo era imponente, um floral amadeirado fougere com toques semelhantes a notas marinhas , mas com vetiver e gerânio proeminente. Um acorde que remetia a um ambroxan fazia um coração envolvente com um adocicado resinoso e nuances sintéticos (um pouco de blue jeans versace) e seguiam com cedro e patchouli contrastando nas notas de fundo. Muito gostoso, o frasco e a caixa eram um sonho. Ótima projeção e fixação mediana. Um perfume que só não ganhou espaço pois foi conferido ao mesmo a linha b, da qual a descontinuação é inevitável .
5) Le Roy Soleil de Salvador Dali
Nascido em Grasse é filho de perfumista e tem mantido sua paixão e curiosidade para o seu trabalho intacta. É amantes dos gourmand e notas exóticas.Desde que começou a sua carreira que já dura 40 anos, Romano entende que o perfume é um modo de expressão. Suas criações são cheias de curiosidade e otimismo. Para ele criar um perfume se trata de ; "expressar emoções, parar o tempo e capturar as memórias mais íntimas daquele instante."
As criações mais encantadoras desse experiente e dedicado perfumista passam pelos deliciosos: Sui Dreams de Anna Sui,La Vie de Boheme de Anna Sui , toda coleção Elanzia Merveille da Elanzia ( lindoooos ), Fruit d'Amour Pink de Emanuel Ungaro , a coleção FlowerParty de Yves Rocher e o delicioso Eau de The Vert de Roger & Gallet. Le Roy Soleil precede os gourmand mas tem um DNA que demonstra a inventividade desse perfumista. Frutado com especiarias quentes e adocicadas, uma carga de baunilha e fava totalmente gustativas, contrastando com hora verde amargo que evolui para um floral rosáceo adocicado com nuances de cravo proeminentes. Uma composição encantadora colocada em um frasco que é um mimo.Uma composição simples, delicada, equilibrada e sedutora.
NOTA HISTORICA: A PRIMEIRA CRIAÇÃO DE ROMANO FOI Louxor de Lalique EM 1931.
6) Nautica Woman de Nautica
7) Creature d'Anges de Gilles Cantuel
Nota histórica :
Desde 1970 os anjinhos da Fiorucci fazem grande sucesso no Brasil e, apesar de ter sido criado em 1997 esse Gilles Cantuel esteve em destaque entre 2000 e 2005. Nessa época a grife( Fiorucci ) tinha uma gama de produtos que iam do Jeans aos perfumes. Lembro-me que, apesar de não pertencer a essa marca, Creature d'Anges tinha um lugar cativo entre as fragrância de prateleira da mesma, o que me fez procura-lo erroneamente , durante anos, entre os perfumes dos anjinhos.
8) Black Jeans de Versace
9) One of Us de O Boticario
Uma colonia deliciosa, gostosa, versátil, batidão, pro verão mesmo. Sempre esteve entre os perfumes que eu mais utilizava na faculdade por ser acessível e caber no meu bolso. Pro dia a dia era o ideal! Rendia elogios e transparecia entusiasmo e juventude. Algo mente aberta para o que viria no terceiro milênio. Fácil de resumir uma saída fresca, cítrica e aromática que dava lugar a um amadeirado relaxante com uma lavanda jovial (nada de lavanda pesada), e por ali ia terminando, deixando um rastro de madeiras e um almiscarado leve e adocicado. Uma proposta bem fácil de assimilar.
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