por: Elena Knezhevich, Dr. Marlen Elliot Harrison, Miguel Matos, Elena Vosnaki, Sophie Normand, Daniel Barros
Por quase 100 anos, essas duas sílabas têm invocado sofisticação, glamour e simplicidade... e perfume. Seja escolhendo um precoce aroma icônico da marca como Cuir de Russie, um clássico dos anos 70 como Cristalle, um oriental bomba dos anos 80 como Coco, ou os novos Les Exclusifs como Jersey, é fácil para qualquer um encontrar o seu Chanel favorito. E muitos nomes têm ajudado a manter Chanel icônico: Marilin e seu N° 5; Warhol e sua pinturas; Luca Turin sugerindo Chanel Pour Monsieur como a “referência de perfume chipre”.
Com criações revolucionárias de alguns dos perfumistas mais amados como Henri Robert, Ernest Beaux, e Jacques Polge, Chanel está chegando ao seu centenário de sucesso, e por uma boa razão. Originalmente lançado com Chanel N° 5 em 1921 como parte do império de roupas burguesas de Coco Chanel, a designer procurou criar uma fragrância revolucionária mantendo sua estética pessoal. A BBC explica:
Durante o final do verão de 1920, Chanel foi de férias à Côte d’Azur com seu amante, o Grande Duque Dimtri Pavlovich. Lá ela soube de um perfumista, um personagem sofisticado e culto chamado Ernest Beaux que tinha trabalho para a família real Russa e vivido perto de Grasse, o centro da indústria da perfumaria. Ele levou diversos meses para aperfeiçoar uma nova fragrância mas eventualmente ele levou 10 amostras e as apresentou a Chanel. Elas foram numeradas de um a inco e de 20 a 24. Ela pegou o número cinco. Dizem que a mistura na verdade era um erro de laboratório. A assistente de Beaux tinha adicionado uma dose de aldeído nunca usada antes.
Tilar Mazzeo, autor de O Segredo de Chanel No 5, disse ao programa World Service’s Witness por que a fragrância chamou atenção de Chanel.
“O interessante sobre os aldeídos é que um deles tem cheiro de sabão. Então ela poderia equilibrar em sua própria mente, sua infância num convento e sua vida luxuosa como uma amante.”
Mais tarde Chanel disse: “Era o que eu estava esperando. Um perfume como nenhum outro. Um perfume de mulher, com o cheiro de uma mulher.”
O perfume, imbuído com jasmim, rosa, sândalo e baunilha, foi um sucesso instantâneo, parcialmente devido a alguns dos truques de marketing geniais de Coco. Ela convidou Beaux e seus amigos para um restaurante da moda na Riviera para celebrar e decidiram borrifar o perfume em volta da mesa. Cada mulher que passava perguntava que fragrância era aquela e de onde vinha.
“Para Chanel, esse momento confirmou a ela que seria um perfume revolucionário”, diz Mazzeo.
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Para iniciar o ano novo, os editores do Fragrantica discutem suas próprias escolhas para a linha de frente entre os atuais perfumes de Chanel. Foram escolhas difíceis porque Chanel tem tantas fragrâncias que parecem composições fundacionais, o padrão sob o qual muitos outros são medidos.
Deixe um comentário abaixo sobre suas próprias escolhas para a linha da frente Chanel!
Por: Miguel Matos, editor do Fragrantica em Português
Para mim, este é o epítome do chipre masculino. Chanel Pour Monsieur é o máximo nível da elegância clássica que um homem pode vestir sobre sua pele. Devo dizer que, uma vez que comecei a ter dinheiro para comprar perfume aos 18 anos, eu comecei com um estilo grande e incomum para a minha idade. Meus primeiros perfumes da época que eu comecei a universidade foram Tuscany, Obsesion for Men, Habit Rouge e para a primeira e verão, Chanel Pour Monsieur. Toda vez que eu o usava, eu me sentia chique, atraente e diferente na multidão. Eu nunca encontrei outro homem que usasse esse perfume. Mas não posso entender por quê. Na minha cabeça não é muito complicado. Mas sim, ele cheira um pouco vintage. Note que eu disse vintage e não demodê!
Criado em 1955 por Henri Robert, Pour Monsieur começa com uma nuvem fresca e polvorosa de cítricos. Há uma luminosidade que irradia a partir do momento que você o borrifa. Ele tem a perfeita dose de amargor, uma gota de doçura e um toque de acidez. Depois você pode cheirar o gengibre e o cardamomo especiados que vem em pequenas explosões de picância e nuances de limão. O musgo de carvalho logo se torna evidente e ele permanece presente até o fim, fazendo amizade com o vetiver. O frescor de tudo isso é impressionante e combina bem com um manto de madeiras (cedro) e algum talco. É um chipre verde fresco que vem com a sensação de baunilha no final, pelo menos para o meu nariz. Mas as notas oficiais não mencionam baunilha.
Esse foi, de fato, uma das poucas fragrâncias que me fizeram comprar 3 frascos e que nunca me cansaram. Na verdade, no momento eu não o tenho em minha coleção e estou com vontade de comprá-lo novamente. Isso é para dizer que eu o conheci há 20 anos atrás e o amor sobrevive.
Menções Honrosas: Chanel Chanel No 5 Eau de Toilette, Chanel Chanel No 5 Eau Premiere (2015), Chanel Egoiste, Chanel Cristalle Eau de Toilette, Chanel Antaeus, Chanel Coco Eau de Parfum
Por: Elena Vosnaki, editora do Fragrantica em Grego
“Saindo do Ritz, eu de repente senti uma mão no meu ombro e me virei para ver uma face desconhecida. Eu estava quase o dispensando quando ele me disse, com um sotaque americano, ‘me desculpe, eu estou com dois amigos que gostariam de saber o nome do seu perfume.’ Ser parada na rua por um estranho por um homem na minha idade não é nada mal, né?”
É assim que Gabrielle (Coco) Chanel aos 87 anos descreve o encontro de No.19 com seu público-alvo: homens e mulheres de gosto impecável.
Hoje em dia, quando a molécula de algodão doce de etil maltol é utilizada de balde em todo mundo dos 12 meses de idade para cima, é difícil explicar para alguém a mensagem visceral propagada pela arrogância da fragrância imortal de Chanel No 19. Debutantes passeando pelo balcão de Chanel na esperança de encontrar seu perfume assinatura torcem o nariz quando encontram o amargor de gálbano e de couro. As notas de saída cortam qualquer conversa sobre coisas bonitas. Alguns perfumes são bonitos. Mas Chanel No 19 não é lindo nem bonito. É simplesmente audacioso. É extremamente sensual se você deixar a nota de orris revelar na sua pele, o ápice do luxo e da elegância sofisticada que não precisa de adorno para brilhar. Ela apenas é.
“Eu adoro como seu peito cheira a calor seco; é tão sexy...” Isso é o que eu recebo quando uso Chanel No.19 eau de toilette. E você?
Menções Honrosas: Antaeus, Cuir de Russie parfum, Les Exclufis Sycomore, Les Exclusifs 31 Rue Cambon, Bois de Iles parfum.
Por: Daniel Barros, tradutor/escritor do Fragrantica em Português
Sycomore é a fragrância que abriu minha cabeça (ou meu nariz) para uma nota que é às vezes um gosto adquirido – vetiver – devido às suas facetas amargas e esfumaçadas. Muito antes do trio Carven Vetiver (1957), Givenchy Vetiver (1959) e Guerlain Vetiver (1961) terem lançado a “tendência vetiver” ao redor do mundo, Chanel já tinha descoberto a elegância e sofisticação dessa nota não tão óbvia naquele tempo. Reintroduzido em 2008 dentro da coleção Les Exclusifs, Sycomore de Chanel foi originalmente lançado em 1930.
Vetiver é um tipo de raiz aromática que pode ser encontrada tipicamente no Haiti (mais limpo e floral) e Java, Indonesia (mais sujo, esfumaçado). A primeira fragrância baseada em vetiver que eu tinha provado foi Vetiver de Guerlain e eu me lembro não ter acredito como aquilo poderia ser chamado de perfume. Eu o achei tão duro, seco e amargo. Provavelmente o tipo indonésio. Ele cheirava como “água suja”. Então eu decidi aposentar o perfume. Um ano depois, eu abordei coleção Les Exclusifs de Chanel e provei todos eles, provando todos eles um por vez.
Eu ainda me lembro do dia do Sycomore. Inicialmente, eu tive uma relação similar com o de Guerlain. Como poderia ser tão amargo e seco? Mas depois eu imediatamente fui a uma consulta médica e me esqueci dele. Ao dirigir, comecei de repente a sentir uma nuvem se formando ao meu redor que na verdade era brilhante e acolhedora. Provavelmente o misto de violetas e zimbro era responsável por isso, com um toque de tabaco e especiarias. Uau. Eu me senti no meio da floresta com tudo arejado. Muito realístico! Não preciso dizer que eu tive uma consulta médica muito relaxante.
Devido a Sycomore eu pude finalmente começar a apreciar vetiver em outros perfumes, me tornando um fã incondicional.
Por: Marlen Elliot Harrison, co-editor do Fragrantica em Inglês
Eu já falei de Coco AQUI e Antaeus AQUI. Então hoje vou voltar minha atenção para Egoiste criado por Jacques Polge e lançado em 1990, a fragrância da Chanel que eu achei a mais gostosa de usar e a que eu usei mais do que qualquer uma da marca.
Dizem que o infame Bois Noir de 1987 é o predecessor de Egosite, embora aparentemente não sejam de jeito algum idênticos. A primeira vez que eu cheirei Egoiste com sua baunilha quase gourmand, canela e notas ambaradas amadeiradas, tudo o que eu pude pensar foram folhas de outono e torna de abóbora. E isso me intrigou. Eu lembro do seu lançamento e dos comerciais loucos de Jean-Paul Goude (veja um AQUI). Mais do que tudo, Egoiste representava uma estética de fragrância mais escura e quente na época quando o mercado estasva apreciando florais doces para homens (Joop!) ou aquáticos marinhos (Eternity).
Muitos comparam Egoiste com sua suposta inspiração, Bois des Iles, mas embora ambos sejam focados em madeiras, particularmente sândalo, eu acho Bois des Iles muito mais aldeídico e floral. E o flanker lançado depois, o floral herbáceo Platinum Egoiste, não tem qualquer semelhança com seu irmão mais velho. O Egoiste original é um oriental atemporal que hoje em 2017 parece incrivelmente contemporâneo num mercado cheio de oud com sua doçura ambarada e nuances florais de rosa e deveria com certeza ser provado por mulheres assim como homens. Eu descobri que Geo F Trumper’s Sandalwood tem um cheiro similar a Egoiste mas com um preço levemente mais baixo.
Menções Honrosas: Cuir de Russie, Bois des Iles, Chanel pour Monsieur Concentree, Coco Eau de Parfum, Jersey, Cristalle, Allure Sensuelle
Por: Sophie Normand, editora do Fragrantica em Inglês
Há tantas fragrâncias que eu amo na coleção de Chanel mas minha favorita continua sendo Bois des Iles. Talvez por ter inspirado o best-seller masculino Egoiste, talvez porque possa ter sido o precursor de Coco ou Allure Sensuelle com seus tons frutados, orientais e amadeirados. Talvez por causa da inclusão da assinatura aldeídica da Chanel nas notas de topo que empurram o coração floral de rosa e jasmim, combinado com um dry-down que arredonda tudo.
Mesmo o nome é muito invocativo da fascinação ocidental pelo oriente nos anos 20 (Bois des Iles foi criado em 1926 e relançado em 2007 na coleção Les Exclusifs). As notas de cabeça aldeídicas relembram o estilo francês de perfumes, profundamente enraizado no seu tempo. O sândalo leitoso e macio invoca a fantasia pelo exotismo, uma sensação sublinhada pela dimensão especiada da fragrância (cravo e canela).
O toque frutado, casado com tons especiados e amadeirados, trazem um delicado toque de biscoito de gengibre mas misturado com um toque bastante Chanel, um biscoito de gengibre que poderia ter sido assado por Gabrielle Chanel mesma.
Um perfume doce mas também delicado e elegante, uma beleza aveludada e refinada que inspirou Jacques Polge décadas depois para fazer Egoiste (que tem os mesmos tons amadeirados, especiados e ambarados de forma masculina). Na minha opinião, Bois des Iles também prefigura Coco e Allure Sensuelle com facetas amadeiradas e frutadas e, numa certa forma, Coco Noir.
Uma grande obra-prima.
Menções Honrosas: Allure Sensuelle (edp and extrait), Egoiste, Chanel Coco Eau de Parfum, N°22, Cuir de Russie, Les Exclusifs 31 Rue Cambon, No 5, Coromandel.
E finalmente, nossa Editora Chefe, Elena Knezhevich, celebra seu atual favorito da Chanel...
A fama e adoração pelo Chanel No 5 tem durado décadas. E agora tem outra oportunidade de provar sua popularidade com o lançamento de No 5 L’Eau, permitindo uma grande população de mulheres jovens e mesmo meninas moças como minha filha a roubá-lo do meu banheiro toda manhã, para aproveitar do seu legado.
O novo perfumista da Chanel, Olivier Polge, afirmou com clareza que o perfume lendário não tem idade, o novo No 5 L’Eau vai se destacar sobre o original sem negar a sua relevância. Se eu precisasse descrevê-lo rapidamente, eu diria “sem esforço”, já que sua graça vem de dentro com um sorriso inocente e colhe corações como flores sem um esforço ou sem muito pensar em consequências. Simplesmente como uma garota adorável.
Eu não posso chamá-lo de flanker, é um Chanel No 5 magicamente revivido. É sem erro o No 5, mas mais jovem e bobo, com muito de um brilho refrescante cítrico para fazer poses elevadas adequadas para uma herdeira de uma tradição de perfume. Seu teor de musks e flores com seu pedigree aldeídico florescem ludicamente. No 5 L’Eau foi nascido com uma colher de prata, mas isso somente poderia acontecer com a ajuda de um perfumista talentoso. Ele tinha que refletir o desejo de possui-lo, relembrando os soldados americanos que se alinhavam na frente de boutiques da Chanel em Paris depois da II Guerra Mundial para comprar seu No 5 para suas namoradas e esposas. O perfume necessário para ter uma qualidade Chanel para fazer a usuária se sentir especial, e ele simplesmente consegue fazer isso.
Qual é seu favorito Chanel?
Tradução: Daniel Barros
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