terça-feira, 21 de abril de 2015

Joy de Jean Patou (1930, 2015)


Sumário: O mundialmente famoso Joy, supostamente o segundo perfume mais vendido de sempre depois de Chanel No. 5, é conhecido por muitos como o perfume da avó devido a sua popularidade durante a maior parte do século XX com seu buquê rico de flores e aldeídos. Com cada vez mais materiais sintéticos sendo experimentados em perfumaria, e a compreensão cada vez maior do Ocidente em relação à cultura de fragrâncias do Oriente, poderia Joy, celebrando seu 85º aniversário este ano com o relançamento da EDP, ser usado por um homem?
Perfumista: Henri Alméras
Experimente se gosta de: Indoles, o aroma quase fecal das pétalas de jasmim; civeta, uma nota animálica; intensas rosas turcas ou búlgaras; aldeídos, as moléculas aromáticas responsáveis pelas notas atalcadas e muitas vezes verdes de perfumes como No. 5 e L’Air du Temps.
Prós & Contras: Antes de mais, Joy pertence a outra era quando as normas de fragrâncias e a aromatecnologia eram muito diferentes de hoje em dia. Como tal, Joy tem mais em comum com os perfumes do final dos anos 70 e início dos 80 como AntaeusJules Kouros que capitalizaram nos acordes clássicos com civeta, cravo e aldeídos em vez de algo fresco, aquático, gourmand, frutado ou cítrico. Depois, como muitos de nós já cheiraram isto de certeza em algum ponto de nossas vidas usado por uma mulher mais velha, as associações podem ser fortes (por exemplo, Shalimar é o cheiro de minha mãe, independentemente de quantas vezes eu já o tenha tentado usar).
Mas no despertar de gostos renovados por florais masculinos (como Burberry Brit for MenFleur du Mâle, etc.) e a popularidade global de fragrâncias naseadas no oud, Joy parece surpreendentemente relevante. Sim, os aldeídos são fortes, a civeta é suja, e o jasmim é, bom, um pouco fecal, mas será que estes extremos não se adequam ao homem moderno, avant garde? Não serão estes temas aromáticos mais relevantes ao mundo em expansão do nicho e da perfumaria moderna sem consideração pelo gênero? Há algo de intrigante acerca de Joy na minha pele. Como o misterioso carro chegando todas as noites no filme de Woody Allen Midnight in Paris, Joy tem o poder de transportar-nos a outra época.
Notas: “Intensas e luxuriantes com uma atraente composição floral, Joy foi criado por Henri Alméras, que tornou suas notas de topo irresistivelmente maravilhosas. A composição começa com uma fragrante tuberosa, uma rosa luxuriante, flor de ylang-ylang, aldeídos, uma pera doce de fazer água na boca e notas verdes. O coração bate apaixonadamente em notas puras e docemente frescas de jasmim, com uma sedutora, balsamicamente especiada e obscurecida raiz de íris. A base tem um sensual almíscar, um quente, leitoso e atalcado sândalo, com tons ligeiros almiscarados de civeta.”— Fragrantica.com
Descrição do designer: “Em 1930, no máximo da depressão económica global, Jean Patou deu largas a sua natural joie de vivre e enviou a 250 dos seus melhores clientes americanos um frasco de um perfume raro, único e improvável, uma avalanche de rosa de Maio e jasmim de Grasse, o presente mais luxuoso, precioso e reconfortante que se poderia imaginar. E assim nasceu Joy. Cada onça deste sutil buquê floral, a perfeita simbiose de rosa e jasmim, requeria 10,600 flores de jasmim e vinte e oito dezenas de rosas. Na verdade 'o perfume mais caro do mundo,' Joy era uma fragrância excepcional que envolvia cada mulher, loira, morena ou ruiva, numa núvem de sofisticação e prestígio. Sempre moderno, Joy, o perfume assinatura da casa Patou, anuncia os perfumes do amanhã.”—JeanPatou.com
Número de vezes que testei: 20+ nos últimos 25 anos.
Número de vaporizações aplicadas para esta resenha: Duas nas costas da mão a partir de uma EDP recentemente relançada num frasco enviado pela Patou.
Força da fragrância: Eau de Parfum
Desenvolvimento: (Linear / Médio / Complexo) Joy é efervescente no topo com talco e sujidade, uma rica abertura terrosa para saudar os primeiros botões das rosas de Verão. As rosas florescem entrelaçadas em galhos de jasmim noturno ainda por abrir. Esta é uma interessante transição desde os tons modernes, verdes, metálicos de um jardim de rosas turcas durante uma tempestade. À medida que os florais abrem e a fragrância se move para o coração, o indólico jasmim domina a rosa e outros numerosos acentos florais como a tuberosa, o cravo e o ylang que espreitam sutilmente. À medida que a sinfonia chega ao final, um leve e doce âmbar carrega os tons florais. Gostaria de ter um pouco mais de força nesta altura; madeiras mais fortes ou notas ambaradas levariam a fragrância mais longe.
Joy hoje é vaseado na abertura opulenta pois o final é bem sutil em minha opinião. Este é um aroma para tempo frio e eu imagino que a riqueza dos aldeídos e florais seja demasiadamente forte com calor.


Longevidade: (Curta / Média / Longa) Não tão longa como eu esperava que fosse, e sendo uma EDP: aproximadamente 4-6 horas.
Sillage: (A Little / Average / A Lot) The opening is a bit overwhelming but after hour two, I was surprised that I had to really sniff my hand to perceive it.
Nota sobre a embalagem: O clássico, rectangular, translúcido frasco de vidro com adornos e tampa dourados se mantêm. Joy vem numa caixa branca de papel.
Onde posso comprar? Disponível em balcões Patou em todo o mundo; 30ml custam $110 USD.
Conclusão: Muitos aficionados sérios de fragrâncias têm buscado Joy para experienciar a história. Mas como é usar de fato a fragrância atualmente? Será verdadeiramente alegre?
Minha vizinha achou que era “legal” mas “confusa” enquanto meu companheiro simplesmente disse “Mmmmmmm;” acho que ele estava tentando ser educado. Ele sugeriu que o fazia lembrar sua ama. Quando eu o usei, não podia deixar de pensar na bomba de civeta e musgo de carvalho que é Kouros de Yves Saint Laurent (simplesmente não o consigo usar) e as ricas flores de Fleurs de Bulgarie de Creed (usei mas achei a rosa simplesmente exagerada para meu palato amante de baunilha); era como se os dois se tivessem fundido.
Perguntei a mim próprio se me sentia confortável com a fragrância e concluí que de fato, não. Mas isto não é porque a fragrância se tenha desenvolvido como um perfume de “mulher”, antes porque ela representa um tipo de perfume que eu não acho atraente—o floral aldeídico. Acho que esta família representa o “perfume” para mim como eu o relembro em meus primeiros dias como explorador de aromas, vaporizando frascos de minhas tias e experimentando nos balcões de fragrâncias Burdines e Jordan Marsh. Prefiro aromas gourmand, orientais e aquáticos, por isso Joy não é minha praia.
É “feminino?” Esta palavra será algo a lutar contra nestas resenhas. Pelos padrões atuais, não. Se eu considerar os perfumes no topo de vendas dos últimos vinte anos (IsseyStellaAngelFlowerbombTommy GirlBeyond Paradise, etc.), então Joy não é nem bonitinho, nem delicioso. Se, contudo, examinarmos uma gama mais alargada de perfumaria, incluindo casas como SisleyYSL do início dos anos 2000, eÉtat Libre, então sim; Joy pode ser intoxicante, abafado e unicamente exótico.
É “masculino?” Em muitos padrões da perfumaria, sim. Tenho gostade de conhecer os óleos corporais da Índia, os attars do Dubai e os sintéticos vanguardistas da Europa e EUA. Os homens usam rosas e jasmim. Quando combinado com seus aspetos animálicos, Joy se afasta ainda mais do “bonitinho.”
Minha conclusão é que os homens inteligentes que são de mente aberta ou procuram algo completamente diferente podem achar Joy intrigante. Consigo até ver algums a acharem que é “gótico.” Quanto a mim, manter-me-ei fiel ao meu frasco de 1000, lançado 40 anos depois. Parece ser uma ponte entre Joy e Patou Homme e como tal, oferece o melhor de dois mundos.

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